quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008


“To be nobody but yourself, in a world which is doing its best, day and night, to make you everybody else means to fight the hardest battle, which any human being can fight and never stop fighting”

( E.E. Cummings)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A PEDOFILIA NA IGREJA É CONSEQUÊNCIA DO CELIBATO

Os votos de castidade enlouquecem os sacerdotes católicos.
por ARNALDO JABOR

No velho colégio de padres onde estudei, a entrada dos alunos já era um desfile de velada pedofilia. O padre reitor - ahh...tempos antigos de batinas negras, rosários nas mãos, panos roxos nos ombros, tristeza infinita nas clausuras - postava-se imóvel, na porta do colégio, numa pose paternal e severa, com os braços erguidos e as mãos oferecidas para os alunos que chegavam. Passavam por ele duas filas de dezenas de meninos, beijando servilmente suas mãos abençoadas. Havia algo de veadagem naquilo, aquela negra batina imóvel, divina, como um manequim, as mãos beijadas com chilreios e devoção por mais de quinhentos meninos de calças curtas. Eu ainda me lembro do vago cheiro de sabonete e cuspe no dorso cabeludo da

mão do padre. Centenas de meninos de pernas nuas eram pastoreados por tristes noviços e "irmãos leigos". Só se pensava em sexo naquele colégio. Eu via as mães dos alunos, lindas, com seus penteados e decotes imitando a Jane
Russel ou Ava Gardner, fazendo charme para os padres na força de seus verdes anos, enlouquecidos pela castidade obrigatória. E eu me perguntava: "Meu Deus...por que padre não pode casar?" Lembro-me do tremor dos jovens
padres, excitados pelas madames pintadíssimas, indo se trancar em negras clausuras, entregues ao "vício solitário", indo depois bater no peito e chorar sua culpa diante das imagens silenciosas.
E esses mesmos padres nos diziam: "Cada vez que você se masturba, morrem milhões de pessoas que iam nascer. É um genocídio!". E nós, além do pecado, sofríamos a vergonha de ser pequenos "hitlers" de banheiro. Eu pensava: "Por que tanta onda sobre nossos pobres pintinhos, por que essa energia que sinto em minha carne é feia, criminosa?" Vivíamos ajoelhados em confessionários, ouvindo envergonhados a voz e o hálito do triste sacerdote nos sentenciando a dezenas de "ave-marias" e "padre-nossos".
Tudo era sexo no colégio; essa palavra terrível estava em toda parte, como uma ameaça vermelha; o diabo nos espreitava até detrás das estátuas de Santa Tereza em êxtase, nas coxas dos anjinhos nus, nos seios fervorosos das beatas acendendo velas.
A pedofilia na igreja é consequência direta do celibato. É óbvio que se a força máxima da vida é esmagada, a igreja vira uma máquina de perversões.
Claro. E de homosexualismo, visível em qualquer internato religioso. Outro dia, o Contardo Calligaris escreveu com precisão que a pedofilia não está só na carne do jovem assediado; a pedofilia é mais geral, abstrata, no prazer do domínio sobre os mais fracos, na pedagogia infantilizante das jovens "ovelhas" - como nos chamam os pastores de Deus - imoladas em sua
inocência.
Eu vi o diabo naquele colégio: rostos angustiados, berros severos e excessivos nas aulas, castigos sádicos, perseguições a uns e carinhos protetores a outros.
Eu mesmo fui assediado por um padre famoso (que muitos colegas meus da época se lembram) que era notório comedor de menininhos; ele fazia mágicas e teatrinhos, para ser popular entre os meninos e, um dia, tentou me beijar num canto da clausura. Criado na malandragem das ruas, fugi em pânico. E falei disso em confissão com outro padre, que mudou de assunto, como se fosse uma impressão minha, como se a pedofilia fosse uma prática necessária à manutenção do celibato, exatamente como os cardeais americanos estão fazendo hoje. O problema da igreja com o sexo leva-a a uma compreensão quebrada da vida, leva-a a aceitar a Aids, a condenar o aborto, o controle social da natalidade e a outros erros maiores - superestruturas desta falência originária, desse vazio fundamental.
Lembro-me da descrição da eternidade no inferno, onde queimaríamos para sempre, sob o garfo dos diabos, condenados por uma reles punhetinha:
"Imaginem que o planeta seja um grande diamante, o metal mais duro do universo. De cem em cem anos, um passarinho vem voando e dá uma bicadinha na Terra. O dia em que toda a Terra for esfarinhada pelas bicadinhas, esse é a duração da eternidade" . E eu sofria, me esvaindo nos banheiros, pensando naquele passarinho que bicava o mundo, enquanto eu acariciava o outro medroso passarinho se preparando para uma vida de traumas e medos.
O prazer era um crime. A partir daí, tudo ficava poluído, manchado de culpa; a alegria virava falta de seriedade, a liberdade era um erro, as meninas eram seres inatingíveis com seus peitinhos e bundinhas. Até hoje, vivo dividido entre as santas e as "impuras"; quantas dores senti na vida pelo cultivo destes ensinamentos, que transformava as mulheres em perigos horrendos, "Liliths" demoníacas, tão ameaçadoras quanto o imenso desejo que tinhamos por elas. A mulher, como Eva, era a origem de todos os males.
Delas saía a vida e a morte, delas saía o prazer pecaminoso, o mal do mundo.
Esta base criminal gera desde a "burka" até o "striptease", numa antítese simétrica.
Hoje piorou. O mundo virou uma incessante paisagem de bundas e seios nus, de pornografia na publicidade, que nos espreita no trânsito, nas ruas, na TV. Já imaginaram esses padres vendo a Feiticeira e a Tiazinha, de terço na mão, trancados em escuras celas, sob o voto de castidade? Essa é a minha idéia de inferno.
Uma das grandes desvantagens da igreja católica diante de outras religiões é o celibato. Daí, em cascata, surgem problemas que justificam a queda do prestígio da igreja na era do espetáculo e da desconstrução de certezas.
Rabinos casam, pastores protestantes casam. Budistas "do it", xintoistas "do it", indis "do it', mesmo muçulmanos "do it". "Let's do it", pobres padres trêmulos de desejo, no meu remoto passado jesuíta e no presente do sexo massificado.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Too Much Love Will Kill You



I'm just the pieces of the man I used to be
Too many bitter tears are raining down on me
I'm far away from home
And I've been facing this alone
For much too long
I feel like no-one ever told the truth to me
About growing up and what a struggle it would be
In me tangled state of mind
I've been looking back to find
Where I went wrong

Too much love will kill you
If you can't make up your mind
Torn between the lover
And the love you leave behind
You're headed for disaster
'cos you never read the signs
Too much love will kill you
Every time

I'm just the shadow of the man I used to be
And it seems like there's no way out of this for me
I used to bring you sunshine
Now all I ever do is bring you down
How would it be if you were standing in my shoes
Can't you see that it's impossible to choose
No there's no making sense of it
Every way I go I'm bound to lose

Too much love will kill you
Just as sure as none at all
It'll drain the power that's in you
Make you plead and scream and crawl
And the pain will make you crazy
You're the victim of your crime
Too much love will kill you
Every time

Too much love will kill you
It'll make your life a lie
Yes, too much love will kill you
And you won't understand why
You'd give your life, you'd sell your soul
But here it comes again
Too much love will kill you
In the end...
In the end.

by Queen

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Todo o Mundo e Ninguém

Um rico mercador, chamado "Todo o Mundo" e um homem pobre cujo nome é "Ninguém", encontram-se e põem-se a conversar sobre o que desejam neste mundo. Em torno desta conversa, dois demônios (Belzebu e Dinato) tecem comentários espirituosos, fazem trocadilhos, procurando evidenciar temas ligados à verdade, à cobiça, à vaidade, à virtude e à honra dos homens.
Representada pela primeira vez em 1532, como parte de uma peça maior, chamada Auto da Lusitânia (no século XVI, chama-se auto ao drama ou comédia teatral), a obra é de autoria do criador do teatro português, Gil Vicente.

Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém:
Que andas tu aí buscando?
Notas de tradução
Todo o Mundo:
Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.
Porfiando: insistindo, teimando.
Ninguém:
Como hás nome, cavaleiro? O verbo haver nestes versos tem o sentido de ter.
Todo o Mundo:
Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.
E sempre nisto me fundo: e sempre me baseio neste princípio, nesta idéia.
Ninguém:
Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.

Belzebu:
Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato:
Que escreverei, companheiro?
Belzebu:
Que ninguém busca consciência.
e todo o mundo dinheiro.




Ninguém:
E agora que buscas lá?
Todo o Mundo:
Busco honra muito grande.
Ninguém:
E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.

Belzebu:
Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra todo o mundo
e ninguém busca virtude.
Adição: acrescentamento.
Acude: ocorre.



Ninguém:
Buscas outro mor bem qu'esse? A palavra mor, muito pouco empregada atualmente, é uma forma abreviada de maior. Poderíamos dizer, pois:
buscas outro maior bem...
Todo o Mundo:
Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.

Ninguém:
E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.

Belzebu:
Escreve mais.
Dinato:
Que tens sabido?
Belzebu:
Que quer em extremo grado
todo o mundo ser louvado,
e ninguém ser repreendido.




Ninguém:
Buscas mais, amigo meu?
Todo o Mundo:
Busco a vida a quem ma dê. Ma: me+a. Contração dos pronomes pessoais oblíquos, objeto indireto e direto, respectivamente.
Ninguém:
A vida não sei que é,
a morte conheço eu.

Belzebu:
Escreve lá outra sorte.
Dinato:
Que sorte?
Belzebu:
Muito garrida:
Todo o mundo busca a vida
e ninguém conhece a morte.
Garrida: engraçada.



Todo o Mundo:
E mais queria o paraíso,
sem mo ninguém estorvar.
Mo: me+o. Contração do pronome objeto indireto me com o pronome demonstrativo objeto direto o. Entenda-se no texto: sem ninguém estorvar isto a mim.
Estorvar: atrapalhar.
Ninguém:
E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.
Ponho: entenda-se: proponho.
Belzebu:
Escreve com muito aviso.
Dinato:
Que escreverei?
Belzebu:
Escreve
que todo o mundo quer paraíso
e ninguém paga o que deve.




Todo o Mundo:
Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.
Folgo: tenho prazer, gosto.
Ninguém:
Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.

Belzebu:
Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.

Dinato:
Quê?
Belzebu:
Que todo o mundo é mentiroso,
E ninguém diz a verdade.




Ninguém:
Que mais buscas?
Todo o Mundo:
Lisonjear. Lisonjear: elogiar.
Ninguém:
Eu sou todo desengano.
Belzebu:
Escreve, ande lá, mano.
Dinato:
Que me mandas assentar?
Belzebu:
Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o mundo é lisonjeiro,
e ninguém desenganado.
mui: forma reduzida de muito.


Texto retirado do site www.portaldafamilia.org

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Desculpas esfarrapadas


Pequenas mentiras do cotidiano
para fugir da saia justa

(Walcyr Carrasco)


Sempre fui um dorminhoco. Adoro acordar tarde. É o tipo de coisa malvista por possíveis empregadores. Em época de vacas magras, eu instruía o pessoal de casa a dizer todas as vezes que alguém ligasse:

– Ele está no banho.

Nada mais prático. Quem está no banho não atende ao telefone. O problema é que algumas pessoas ligavam várias vezes, hora após hora. A resposta, invariável. No banho.

– Será que ele não se afogou embaixo do chuveiro? – vinha a pergunta irônica.

Ou batiam o telefone.

– Se ele não quer me atender, por que não diz de uma vez?

Ganhei a fama de ser o homem mais limpo da cidade. O sabonetinho, como diziam! Chegaram a me citar uma crônica do Nelson Rodrigues sobre o tema. Ou seja: acabou a desculpa. Mas, nessa era de celulares, de comunicação rápida, como se safar? Faço terapia todas as sextas-feiras. Quando estou esperando alguma ligação importante, deixo o celular ligado. Às vezes não reconheço o número no visor. Em dúvida, atendo. Já tentei mil vezes explicar:

– Estou no meio de uma consulta e...

Que adianta? A pessoa continua falando, falando! Agora uso o estratagema do túnel.

– Ih! Olha, estou no meio do trânsito... Ih, estou entrando em um túnel... Se a ligação cair... Não estou ouvindo mais nada... Alô? Alô? Ih!

Desligo, enquanto o interlocutor se esgoela do outro lado. Muita gente usa o truque, de tão bom. Já está ficando velho.

Antes da revolução das comunicações, o interurbano funcionava como desculpa. Bastava mandar dizer:

– Ele está em um interurbano.

Falar com outra cidade era complicado. Todo mundo compreendia. Nesta era de DDD e DDI facilitados, é uma desculpa esfarrapadíssima! Mas a do chefe ainda funciona.

– Sinto muito, ele está em reunião com o diretor.

Dá certo e confere status. Reunião privada com o diretor não é para qualquer um. Podem ligar vinte vezes no dia. Quanto mais longa parecer a reunião, mais importante será o cargo. A não ser que venha um rugido do outro lado.

– Invente outra. Quem está falando sou eu, o diretor. Afinal, onde é que ele está?

Há uma que está entrando na moda.

– Liguei o dia todo e você não atendeu.

– Mas eu estava em casa. Houve um problema nas linhas telefônicas de todo o bairro. Ficamos incomunicáveis.

A desculpa costuma provocar um gesto de solidariedade. Raios, trovões, ventanias. Tudo mexe com as linhas. Bateria do celular que pifa é outra. A pessoa está doida para se livrar. Então começa:

– Oh! A bateria está pifando... Olhe, se a ligação cair, depois eu ligo.

E bate o telefone na cara de quem ligou, a salvo!

Excesso de trabalho funciona. O problema é quando uma desculpa óbvia se contrapõe a outra mais óbvia ainda. Como quando o casal se encontra, depois de um cano.

– Desculpe ter deixado você esperando ontem à noite, querida. Surgiu um projeto superurgente, fiquei até tarde trabalhando. Nem me agüento em pé – diz ele, aproveitando para disfarçar as olheiras e os sinais de ressaca.

– Ah, meu amor, eu até fiquei preocupada! Houve um problema nas linhas do bairro. Para cúmulo, a bateria do celular pifou. Então, se você tentou ligar... – responde ela, inocentemente.

Os dois se olham, imperturbáveis. E agora? A sorte foi que não deram de cara um com o outro na farra!

Os tempos mudam. A tecnologia dos pretextos evolui. A desculpa ganha roupa nova. Mas dificilmente muda a aparência. Desculpa que é desculpa sempre tem jeito de esfarrapada!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Todo Mundo é Médico!





No campo da medicina informal, o que
não falta é receitinha milagrosa

(Walcyr Carrasco)


Estive viajando. Mal desembarco, caio de cama gripadíssimo. Alguns amigos próximos fogem o mais rapidamente possível, dando provas de que o instinto de sobrevivência é mais forte que qualquer laço fraternal.

– Gripe, é? Tem certeza de que não é.... – aventura Ricardo, pelo telefone.

– Não, não é a tal pneumonia asiática – garanto.

Silêncio do outro lado da linha. Como eu poderia ter certeza? Não estava no exterior? Não peguei avião?

– Bem... então a gente se vê assim que você estiver bom.

Outros passam a cuidar da minha medicação.

– Tome isso, fiquei curado da gripe em dois dias – orienta Marcelinho.

Pacientemente, explico que não se pode ir tomando qualquer remédio. Eu, por exemplo, tenho alergia a antibióticos. O remédio pode ser pior que a doença.

– Este eu garanto. Não vai fazer mal – afirma ele, enquanto tenta me enfiar dois comprimidos pela boca.

E assim começa uma sucessão de tratamentos. Própolis. Vitamina C. Chá de canela.

– O ideal é ferver folhas de laranjeira, tomar bem quente com conhaque e depois ficar uma semana sem tomar banho – recomenda uma amiga natureba.

Segundo detalha, a pele emite um óleo protetor que jamais deveria ser removido. O próprio ato de tomar banho com freqüência seria totalmente antinatural.

– Posso até me curar, mas serei expulso do prédio – rebato.

Cada um que aparece vem com novo tratamento. Gente fazendo chazinho. Trazendo um novo remédio infalível. Inventando dietas. Minha secretária do lar aventura-se a criar uma sopa energizante, à base de arroz, batatas, carne e gengibre, copiada de alguma revista feminina. Alguma coisa sai errada. Viro a panela no lixo. A gororoba desliza inteira, de uma vez só. Atinge o fundo fazendo um suspeito ruído de... plact! Começo a ficar mal do estômago. Fujo para a chácara.

Deito, para repousar um pouco.

Desperto com um agradável cheiro de eucalipto. Epa! Eucalipto!?

Meu caseiro também pretende atuar no campo da medicina informal. Ferve folhas de eucalipto. Depois, bate no liquidificador. Bota mel. Tenta enfiar a gosma verde por minha goela abaixo.

– Não, não, já estou me sentindo bem melhor – tento me defender.

– Mas com isso o senhor vai ficar curado. Quando eu era pequeno, minha mãe...

Explico pacientemente que já fui ao médico, no primeiro dia. Só me receitou vitamina C e cama. O caseiro me observa mortalmente ofendido. Suspiro e aceito uma xícara. Provo. Eta coisa ruim. Tento disfarçar. Não dá. Ele fiscaliza cada gole. Mal termino, minha pele começa a coçar. Urticária.

Assim, além da gripe, sinto coceiras por todo o corpo. Chega uma visita.

– Urticária? Ah, mas eu tenho um remédio que é tiro e queda.

Faço de tudo para me salvar. Já tive urticária várias vezes na vida. É esperar passar, comendo coisas leves. E, principalmente, não inventando tratamentos. Adianta?

Ela fica ofendidíssima. Recusar um remédio é ofensa grave. Age como se fosse quebra de confiança. Não se conforma.

– Só estou querendo ajudar!

Volto para o apartamento e me escondo. Tomo uma decisão. Paro de tomar todos os remédios. Fico só com a vitamina C que o médico aconselhou. Em dois dias, pára a queimação do estômago. A moleza do corpo diminui. A urticária cede um pouco. Meus dois neurônios voltam a funcionar. Reflito. Automedicação é um risco. Remédios dos amigos não são piores? Mas quem acredita? Mal volto a falar com a turma e vou ouvindo:

– Viu só? Aquele meu chazinho é que tirou você da cama...

– Se não fosse aquele remédio que eu indiquei... e você nem queria experimentar!

A gripe em si até que correu bem. Duro mesmo foi me salvar dos tratamentos!


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

The Yellow Ledbetter


Unsealed on a porch a letter sat.
Then you said, "I wanna leave it again.
"
Once I saw her on a beach of weathered sand.
And on the sand I wanna leave it again.
On a weekend I wanna wish it all away.
And they called and I said that "
I want what I said" and then I call out
again.
And the reason oughta' leave her calm, I know.
I said "I know what I were not a boxer or the bag."
Ah yeah, can you see them out on the porch?
Yeah, but they don't wave.

I see them round the front way.
And I know, and I know I don't want to stay.
Make me cry I see...
I don't know why there's something else.

I wanna drum it all away...
I said, "I don't, I don't know where there's a boxer or the bag.
"
Ah yeah, can you see them out on the porch?
Yeah, but they don't wave.
But
I see them round the front way.
Yeah.
And I know, and I know.
I don't wanna stay at all.
I don't wanna stay.
I don't wanna stay. I don't...
Don't wanna ...


(Pearl Jam)

sábado, 2 de fevereiro de 2008